quem gosta de uma boa história? Hoje trago para vocês a jornada da Georgia (até hoje, pois ela está só começando e muita coisa linda ainda está por vir)

Vamos lá? Com a palavra, Georgia:
Em 2016, minha vida que até então era estável, teve uma reviravolta digna de novela: fui desligada de uma empresa ótima, onde trabalhei por 6 anos; meu relacionamento que estava ruim, acabou definitivamente; morava num apartamento na zona sul do Rio e logo me vi tendo que me desfazer de tudo e voltar pra casa dos meus pais, com 36 anos.
Durante esse tempo, busquei outros trabalhos na área privada, mas não obtive êxito. Tentei até ir para Alemanha pra recomeçar, mas também não deu certo. Em 2018, um dos meus irmãos deixou o Brasil para viver no Japão, por conta da crise e o outro decidiu fazer uma jornada por estados do
Brasil, de bicicleta.
E eu, fiquei. E nós (tenho 2 irmãos), que sempre fomos muito unidos, iríamos ficar distantes. Meus pais iriam sentir muito a ausência deles, mas principalmente, minha mãe. A solução seria distraí-la para que não sentisse tanto o choque da separação.
Organizei tudo para que eu e ela viajássemos para outro lugar no mesmo dia em que meu irmão deixou o país, e na nossa volta, o meu irmão mais novo já não estaria mais em casa também. Sou filha de militar, passei grande parte da minha vida morando em outras cidades, e Manaus foi uma dessas cidades em que vivi. 20 anos depois, e lá estávamos visitando Manaus, visitando minha tia (irmã de minha mãe), e que não se viam há muitos anos. Ela também é esposa de militar, e no círculo de militares é comum algumas esposas optarem pelo artesanato para ficarem mais próximas dos filhos.
Em um churrasco em Manaus, conheci uma esposa de militar que confeccionava produtos decorativos feitos de feltro e outros tecidos. Lembro de ter olhado para o trabalho dela e ter ficado encantada! Os detalhes, a estrutura, as cores, tudo lindo... era uma enfeite de porta para menina, e ela estava finalizando a cestinha para pendurar num balão também feito de feltro. Na época, me lembro do quanto eu quis aquele enfeite. Eu não tenho filhos e nenhuma criança na família, o que faria com algo assim? Então lembrei que estava em Manaus, e queria ter uma lembrança de lá.
Perguntei se ela faria uma arara num varal para eu pôr fotos. E ela o fez. Quando vi, achei lindo! Quanta delicadeza, mas logo pensei: Acho que eu posso fazer algo assim também.
Voltei para o Rio 15 dias depois super animada, pesquisei sobre o tecido, onde comprava, valores, etc. O Natal estava próximo, mas não me divertia montando a árvore, então tive a ideia de fazer a minha própria árvore de feltro magnética. Eu criei o desenho, comprei os tecidos e comecei a confeccionar. Quando estava desenhando os pingentes, uma outra tia (irmã de meu pai), que também tem esposo militar, fixou residência no Rio, e então num churrasco de família ela viu o que eu estava fazendo e quis encomendar para ela também.
Eu fiquei tão surpresa que não tinha ideia de quanto cobrar, o valor que época já era muito barato, hoje seria impossível. rs Me senti tão bem de estar fazendo algo útil e bonito, e isso não há dinheiro que pague. E ela pediu muitas outras coisas depois, logo me vi entre projetos de criação de bonecos, quadros, lembrancinhas, tudo do zero. E não parei mais. Depois dela, começaram a aparecer mais encomendas: minha comadre, que acredita demais no meu talento e faz encomenda comigo desde 2019; meu irmão mais novo, que sempre me apoia e acredita em mim, me incentivando, dando ideias, mesmo distante; minha mãe, confia tanto na minha capacidade que vive me enviando imagens de coisas pra eu fazer pra ela; minha prima que veio estudar aqui no Rio e também ficou encantada com meu trabalho. Ela já encomenda comigo há 2 anos, e mora no Rio Grande do Sul. Sempre que podem encomendar comigo, o fazem.
Penso muito nos sinais e nas coincidências e surpresas que a vida traz e as vezes nem notamos. Digo isto, pois acabei de notar que a mesma tia que eu fui visitar em Manaus e que me apresentou o artesanato da amiga, agora também faz encomenda comigo. E o meu irmão que mora no Japão, toda vez que tem oportunidade de encaixar na nossa conversa, reclama que gostaria de morar mais próximo pois já teria encomendado 15 bonecos, diz inclusive que tem amigos interessados em comprar lá no Japão.
Cronologicamente, comecei em 2019, por hobby, mas somente para família e amigos como distração enquanto não voltasse para mercado de trabalho, nunca pensei em transformar em um negócio.
Ano passado, finalmente consegui um emprego em tempo integral, numa empresa que muitos disseram que tirei a sorte grande, mas não demorou muito para que eu percebesse que o mercado privado não é mais meu lugar.
Hoje com 42, sinto necessidade de me capacitar, mas como empreendedora, obter mais conhecimento de como levar meu trabalho não somente para parentes e amigos, mas como uma empresa para onde existir a necessidade. Eu não acreditava na minha capacidade e isso quase me fez desistir da área, mas se as pessoas vieram até mim, gostaram do meu trabalho sem nunca ter ouvido falar do feltro, se apaixonaram e estão sempre dispostas a sentir novamente essa paixão, então preciso ir até aquelas que ainda não o conhecem. Nada me dá mais prazer hoje do que ver a surpresa do impacto desse novo mundo no meu cliente, pois foi assim comigo. É como se eu me visse me apaixonando novamente.
Tenho um longo caminho ainda de aprendizado, mas por mais que às vezes possa parecer impossível algumas metas, eu paro, respiro e vejo quantas pessoas eu já alcancei com meu trabalho, e que a cada produto amado 10% é convertido em doação do valor ou alimentos, para quem estiver precisando.
Por isso quero compartilhar meu trabalho com o maior número de pessoas possíveis, muitas vezes alguém se sente perdido, não sabe o que fazer em situações difíceis, algumas até em depressão e são talentosas.
Eu sempre tive tendência à costura, pois dos 11 até meus 16 anos eu desenhava roupas e cortava e costurava e depois vestia todas as minhas bonecas. Eu tive que estudar arduamente, me formar em algo que não gostava, trabalhar em muitos lugares diferentes, continuar estudando, fazer inúmeros cursos, para descobrir que não estava no lugar certo. Tenho sorte, pois tenho uma família, um marido e amigos incríveis que me dão apoio e me incentivam sempre que achava estar no caminho errado.
Preciso dar oportunidade de saberem, que sim existe, uma outra forma de trabalho prazerosa e que pode surpreendentemente transformar a sua trajetória, assim como está transformando a minha. Ter conhecimento que eu posso levar um novo olhar, uma nova perspectiva sobre o trabalho artesanal, e que todo e qualquer tipo tem muito valor, será gratificante. Pensar em um dia que minha história possa inspirar outras pessoas, é o que mais me motiva a continuar aprendendo. Por isso eu digo sim, quero VIVER DO QUE EU AMO, eu QUERO VIVER DO MEU ARTESANATO!
Georgia, muito obrigada por enviar sua jornada! Invista, estude, se aprimore cada dia mais. Tenho certeza que você logo alcançar a sua meta de viver do seu artesanato.
Contato da Georgia : https://instabio.cc/20920goGtUG
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